Home / Notícias / Décisivo: Cármen Lúcia sela condenação de Bolsonaro com maioria no STF

Décisivo: Cármen Lúcia sela condenação de Bolsonaro com maioria no STF

Décisivo Cármen Lúcia sela condenação de Bolsonaro com maioria no STF

Ministra Cármen Lúcia fundamenta voto em provas e indícios, confirmando cinco acusações contra Bolsonaro; julgamento promete definir penas altas.

Nesta quinta-feira (11), o Supremo Tribunal Federal (STF) alcançou maioria para condenar Jair Bolsonaro no processo que apura sua responsabilidade nos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023.

O voto da ministra Cármen Lúcia confirmou acusações de cinco crimes, entre eles “tentativa de golpe de Estado”, “deterioração de patrimônio tombado” e “organização criminosa armada”, apresentadas pela Procuradoria‐Geral da República.

Provas, acusações e controvérsias

Cármen Lúcia baseou seu voto em um conjunto de elementos coletados pela PGR que vão muito além de depoimentos.

Documentos, vídeos, trocas de mensagens e atos preparatórios que, segundo sua avaliação, demonstram que os eventos do dia 8 de janeiro não foram espontâneos nem isolados, mas parte de um planejamento.

Ela também destacou que a denúncia descreve com clareza todos os elementos exigidos pela lei: fatos, datas, circunstâncias, indícios de materialidade e participação.

Votos que dividem, mas maioria que pesa

Até antes do voto de Cármen Lúcia, já haviam dois votos favoráveis à condenação: o do relator Alexandre de Moraes e Flávio Dino.

Por outro lado, o ministro Luiz Fux votou pela absolvição de Bolsonaro e de cinco réus, mas defendeu a condenação de Mauro Cid e Walter Braga Netto por “tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito”.

Com o voto de Cármen Lúcia, formou‐se maioria para condenar Bolsonaro em todas as acusações feitas pela PGR, se mantido esse entendimento por Cristiano Zanin ainda deve votar.

Penas em jogo e risco de prisão

Caso seja condenado por todos os crimes, Bolsonaro poderá enfrentar pena que, somando agravantes, ultrapassa os 43 anos de prisão.

O regime de cumprimento da pena, os detalhes da dosimetria e possíveis circunstâncias atenuantes ou agravantes ainda debatidos.

Defesa e controvérsias legais

Bolsonaro nega todas as acusações. Ele afirmou que não ordenou ações golpistas, alegando que estava fora do país na data dos ataques, e contesta a narrativa de participação, responsabilização ou planejamento.

Alguns ministros das defesas questionaram a individualização das condutas, pedindo avaliação separada entre participantes ativos, incentivadores e os que apenas omitiram ações nos atos golpistas.

Debate envolve uso de provas preparatórias, redes sociais e vídeos como indícios. Críticos apontam risco de recursos por cerceamento e ausência de comprovação plena de dolo.

Contexto histórico e simbólico

Cármen Lúcia evocou pesquisas históricas como o livro A Máquina do Golpe, da historiadora Heloisa Starling, para mostrar que golpes se constroem ao longo do tempo, com preparação e ações sucessivas, nunca “num dia só”.

Ela lembrou que só não deu certo porque as instituições resistiram o que reforça a necessidade de responsabilização, para prevenir repetição.

Ela também disse que a democracia vive da confiança da sociedade, da certeza de que quem ataca instituições será responsabilizado, e que “ditadura mata. Ditadura vive da morte não apenas da sociedade, da democracia, mas de seres humanos de carne e osso”.

Pequena lembrança

Não podemos esquecer: os ataques de 8 de janeiro destruíram símbolos da democracia — Congresso Nacional, Palácio do Planalto e STF.

Mesmo assim, o golpe não se consumou; instituições continuaram funcionando, pessoas exerceram mandato, eleições seguiram, e agora a Justiça busca verdade e responsabilização.

Marcado:

Deixe um Comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *